quinta-feira, 24 de maio de 2012

A história do vestibular

A história do vestibular

Símbolo das dificuldades dos estudantes na entrada da fase adulta, o exame vestibular existe há 90 anos e continua atual.

Parte tão presente da vida de quem sonha ingressar na faculdade, o vestibular, como se conhece hoje, tem uma história curta. Única porta de entrada do ensino superior no Brasil, o exame de admissão tornou-se obrigatório por lei em 1911. O nome vestibular, aplicado à prova, vem de vestíbulo ou ante-sala, segundo decreto de 1915. Na época, as escolas realizavam seus testes em duas etapas. A primeira era escrita e dissertativa, a segunda, oral. Se as vagas oferecidas não fossem preenchidas, havia nova convocação. Esse formato foi usado até meados dos anos 60, quando surgiram as questões de múltipla escolha. Processados em computadores, os testes facilitaram a correção, cada vez mais complexa pelo volume crescente de candidatos. A novidade começou no curso de Medicina da Universidade de São Paulo.

O que apareceu para facilitar trouxe um complicador. O critério de nota mínima liberava aprovados acima do limite de vagas, destinadas aos primeiros colocados. O restante aguardava expansão de oferta. Esses candidatos excedentes organizaram um movimento nacional que o governo resolveu com a Lei no 5540, de 1968. Foi instituído o sistema classificatório, com corte por notas máximas.

Para solucionar o problema da demanda, concentrada na rede pública, o Ministério da Educação permitiu a abertura de numerosas escolas privadas. Hoje são cerca de 900 unidades de ensino superior particulares. Agora, o sistema de ingresso pode voltar a mudar. A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 permite que cada escola opte por critérios próprios. A tendência é valorizar a prova dissertativa. Depois da virada do milênio, com quase 3 milhões de inscritos ao ano, o vestibular recupera traços do modelo do início do século.

CRITÉRIOS BÁSICOS
Todos os estudantes têm o mesmo direito
Igualdade
A base de avaliação dos candidatos é o conhecimento adquirido no ensino médio.
Transparência
Tem de existir a possibilidade de correção caso haja falhas no sistema de avaliação.
Qualidade
O processo seletivo deve ser reconhecido por inscritos, professores e instituições.

FUTURO DIFERENTE
As opções de processos seletivos diferentes do vestibular
Avaliação pelo histórico escolar do ensino médio. Ex.: Universidade Católica de Pelotas (RS).
Sistema misto, com a pontuação do vestibular somada ao desempenho no nível médio. Ex.: Universidade São Francisco (SP).
Provas anuais durante o ensino médio, com média ponderada. Ex.: UnB.
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), limitado a instituições cadastradas, que reserva uma porcentagem algumas vagas.

HISTÓRIA SECULAR
O acesso aos cursos superiores com o passar dos tempos

1808 - São instituídos os exames preparatórios para os cursos superiores existentes no Brasil, mas o ingresso torna-se privilégio de colégios de elite a partir de 1837.

1911 - Lei obriga a fazer o exame de admissão, definindo critérios das provas, existência de bancas, calendário e taxas de inscrição.

1915 - De acordo com o Decreto no 11530, as provas passam a chamar-se vestibulares.

1964 - É criada a Fundação Carlos Chagas, para seleção dos candidatos a vestibulares, em São Paulo. Os exames ganham questões de múltipla escolha, processadas em computador.

1968 - Chega ao auge o movimento de excedentes, candidatos aprovados com média mínima, mas sem vagas. Ele é estancado pela Lei no 5540, que substitui o critério de habilitação pelo de classificação.

1970 - Criada a Comissão Nacional do Vestibular Unificado, para organizar o sistema no país. Seis anos depois, a USP unifica seu vestibular com a criação da Fuvest, que realiza sua primeira prova em 1977, avaliando também candidatos das duas outras universidades estaduais, a Unicamp e a Unesp. Na década seguinte, ambas decidem realizar exames separados.

1994 - A Fuvest altera suas provas, ampliando a fase de Conhecimentos Gerais. A primeira é eliminatória.

1996 - Aprovada a nova Lei de Diretrizes e Bases. Nela consta que o ingresso no ensino superior pode ser feito via processo seletivo a critério de cada escola.

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