Fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch em 1929, propunha-se a ir além da visão positivista da história como crônica de acontecimentos (histoire événementielle), substituindo o tempo breve da história dos acontecimentos pelos processos de longa duração, com o objetivo de tornar inteligíveis a civilização e as "mentalidades".
A escola des Annales renovou e ampliou o quadro das pesquisas históricas ao abrir o campo da História para o estudo de atividades humanas até então pouco investigadas, rompendo com a compartimentação das Ciências Sociais (História, Sociologia, Psicologia, Economia, Geografia humana e assim por diante) e privilegiando os métodos pluridisciplinares.
Em geral, divide-se a trajetória da escola em quatro fases:
- Primeira geração - liderada por Marc Bloch e Lucien Febvre
- Segunda geração - dirigida por Fernand Braudel
- Terceira geração - vários pesquisadores tornaram-se diretores, destacando-se a liderança de Jacques Le Goff e Pierre Nora, além de Philippe Ariès e Michel Vovelle; na arqueologia, destaca-se Jean-Marie Pesez.
- Quarta geração - a partir de 1989.
Os fundadores do periódico (1929) e do movimento foram os historiadores Marc Bloch e Lucien Febvre, então docentes na Universidade de Estrasburgo. Rapidamente foram associados à abordagem inovadora dos "Annales", que combinava a Geografia, a História e as abordagens sociológicas da Année Sociologique muitos colaboradores eram conhecidos em Estrasburgo, para produzir uma análise que rejeitava a ênfase predominante em política, diplomacia e guerras, característica de muitos historiadores dos séculos XIX XX, liderados pelos sorbonnistas - designação dada por Febvre.
Os historiadores dos Annales foram os pioneiros na abordagem do estudo de estruturas históricas de longa duração ("la longue durée") para explicar eventos e transformações políticas. Geografia, cultura material e o que posteriormente os annalistas chamaram mentalidades (ou a psicologia da época) também eram áreas características de estudo.
Um eminente membro desta escola, Georges Duby, no prefácio de seu livro "O domingo de Bouvines", escreveu que a História que ele ensina, "rejeitada na fronteira do sensacionalismo, era relutante à simples enumeração dos eventos, esforçando-se, ao contrário, por expôr e resolver problemas e, negligenciando as trepidações da superfície, procurava situar no longo e médio prazos a evolução da economia, da sociedade e da civilização."
Bloch foi morto pela Gestapo durante a ocupação alemã da França, na Segunda Guerra Mundial, e Febvre seguiu com a abordagem dos "Annales" nas décadas de 1940 e 1950. Nesse período, orientou Fernand Braudel, que se tornou um dos mais conhecidos expoentes dessa escola. A obra de Braudel definiu uma "segunda geração" na historiografia dos "Annales" e foi muito influente nos anos anos 1960 e 1970, especialmente por sua obra de 1946, O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Felipe II
Enquanto autores como Emmanuel Le Roy Ladurie e Jacques Le Goff continuam a carregar a bandeira dos "Annales", hoje em dia a sua abordagem tornou-se menos distintiva enquanto mais e mais historiadores trabalham a história cultural e a história econômica.
A 3° geração dos Annales é conduzida por Jacques Le Goff. Ficou mais conhecida como a "Nova História", segundo a qual, toda atividade humana é considerada história. Além de Le Goff, nesse período se destaca Pierre Nora.
Vale lembrar que, enquanto alguns autores, como Peter Burke, consideram a geração de historiadores franceses da geração de Jacques Le Goff em uma perspectiva de continuidade em relação ao movimento dos Annales (e os próprios historiadores deste grupo também se vêem desta maneira), já outros autores - como o François Dosse de "A História em Migalhas" - procuram enfatizar a ruptura entre a Nouvelle Histoire e o movimento dos Annales de Bloch a Braudel (BARROS, 2010, p. 77). Para François Dosse, por exemplo, o princípio de "História Total" - tão zelosamente cultivado por Bloch, Febvre e Braudel - teria sido traído por uma perspectiva historiográfica fragmentada,que já seria típica dos historiadores ligados à Nouvelle Histoire.
Principais nomes
- Marc Bloch
- Fernand Braudel
- Pierre Chaunu
- Georges Duby
- Lucien Febvre
- Marc Ferro
- Jacques Le Goff
- Pierre Nora
- Emmanuel Le Roy Ladurie
- Jacques Revel
Marc Léopold Benjamim Bloch (Lyon, 6 de julho de 1886 — Saint-Didier-de-Formans, 16 de junho de 1944) foi um historiador francês notório por ser um dos fundadores da Escola dos Annales e morto pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Biografia
Filho de Gustave Bloch, professor de História Antiga, Marc Bloch estudou na Escola Normal Superior de Paris, em Berlim e em Leipzig antes de ser bolseiro (bolsista) da Fundação Thiers (1909-1912).
Participou da Primeira Guerra Mundial na arma de infantaria, sendo ferido e recebendo uma condecoração militar por mérito.
Após a guerra ingressou na Universidade de Estrasburgo, instituição onde conheceu e conviveu com Lucien Febvre. Com este fundou, em 1929, a "Revue des Annales". Em 1936, sucedeu a Henri Hauser na cadeira de História Económica da Sorbonne. A revista e o seu conteúdo conheceram sucesso mundial, dando origem à chamada "Escola dos Annales", cuja linha de estudos por sua vez influenciou as chamadas "Nova história" e "História das mentalidades".
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, e a ocupação nazista da França, Bloch, por ser judeu, teve que deixar a direção da Revista dos Annales, que passou a ser comendada apenas por seu colega Lucien Febvre. Além disso, Bloch militou na resistência francesa. Detido e torturado pela Gestapo, foi fuzilado em 16 de junho de 1944.
Obra
É considerado o maior medievalista de todos os tempos, e, na opinião de muitos, o maior historiador do século XX. Seus trabalhos e pesquisas abriram novos horizontes nos estudos sobre o feudalismo.
Foi um dos grandes responsáveis por importantes inovações no pensamento histórico. Defendeu o abandono de sequências pouco úteis de nomes e datas e estimulou uma maior reflexão sobre a a relação entre homem, sociedade e tempo na construção da História.
Tornou-se célebre a sua resposta a questão "O que é a História?": "É a ciência dos Homens no transcurso tempo."
A sua última obra, "Derrota Estranha", foi uma avaliação da derrota francesa a partir da invasão alemã. Na fase final da vida escreveu "Apologia da História", que deixou inacabada devido à sua morte
Livros publicados em vida
- Les rois thaumaturges: Étude sur le caractère surnaturel attribué à la puissance royale particulièrement en France et en Angleterre (1924).
- Tradução portuguesa: Os reis taumaturgos. São Paulo, Companhia das Letras, 1993.
- Les caractères originaux de l'histoire rurale française (1931).
- La société féodale (1939).
- Tradução portuguesa: A sociedade feudal. Lisboa, Edições 70 ISBN 9724406474
- L'étrange défaite (1946).
- Apologie pour l'histoire ou métier d'historien (1949).
- Tradução portuguesa: Introdução à história. Mem-Martins, Publicações Europa-América.
- Apologie pour l'histoire ou métier d'historien. (1949). Edição crítica organizada por Étienne Bloch (1993).
- Traduções portuguesas:
- Introdução à história. Mem-Martins, Publicações Europa-América.
- Apologia da história ou o ofício de historiador, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2001.
- Traduções portuguesas:
- Histoire et historiens. Colectânea organizada por Étienne Bloch, Paris, Armand Colin, 1995.
- Tradução portuguesa: História e historiadores. Lisboa, Teorema, 1998
- Rois et serfs et autres écrits sur le servage. Posfácio por Dominique Barthélémy. Paris, La Boutique de l'histoire éditions, 1996.
- Écrits de guerre: 1914-1918. Colectânea organizada e apresentada por Etienne Bloch, com introdução de Stéphane Audoin-Rouzeau. Paris, Armand Colin, 1997.
Fernand Braudel (Luméville-en-Ornois, 24 de agosto de 1902 — Cluses, 27 de novembro de 1985) foi um historiador francês e um dos mais importantes representantes da chamada "Escola dos Annales".
Biografia
Formado em História na Universidade de Sorbonne, começou sua carreira profissional na Argélia, onde permaneceu por dez anos, de 1923 até 1932. Durante a II Guerra Mundial,é preso e, sem qualquer material, escreve de memória a sua tese, que seria inspirada no contacto mais íntimo que tivera com o mar, a obra tem como título: O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Felipe II; em que a personagem central não é o rei Filipe II,mas sim o Mediterrâneo. Tese esta que é escrita a um ritmo frenético, em sensivelmente um ano: num ano são redigidos milhares de páginas, que haviam, como fora mencionado, escritas de memória.
Estudando o Mar na época de Filipe II de Espanha, Braudel inicialmente iria abordar temas políticos, em conformidade com as principais correntes historiográficas do período, como por exemplo, a escola metódica, para além de ser verificável um claro recurso à Geografia - temos assim a Geo-história -, naquele que seria um dos estudos mais notáveis da coeva historiografia. Porém, mais adiante em sua carreira, Braudel conhece Lucien Febvre, que se torna seu mestre e o aconselha uma mudança na temática de seu trabalho: Ao invés de se ater apenas ao tema politico, Lucien Febvre o aconselha a estudar a história do Mar Mediterrâneo de uma perspectiva mais ampla, analisando outros aspectos do período como, por exemplo, a economia da região naquela época.
Trabalhando nesse estudo ao longo de uma vida inteira, Braudel passou por diversos momentos felizes e tristes. Em 1935, ele abandona temporariamente o mediterrâneo e vem ao Brasil, onde por três anos se dedica, junto com um grupo de intelectuais franceses, a colaborar na organização da Universidade de São Paulo. Aqui permanece até 1937 finalizando assim um período em que o próprio historiador classificou como um dos mais felizes da sua vida. Seguindo o período feliz, veio o período de sofrimento. Pouco depois de seu retorno a França, inicia-se a segunda guerra mundial.
Obras
- "La Méditerranée et le Monde Méditerranéen a l'époque de Philippe II" (3 vols.)
- "La part du milieu" (v. 1) ISBN 2-253-06168-9
- "Destins collectifs et mouvements d'ensemble" (v. 2) ISBN 2-253-06169-7
- "Les événements, la politique et les hommes" (v. 3) ISBN 2-253-06170-0
- "Ecrits sur l'Histoire" (1969) ISBN 2-08-081023-5
- "The Mediterranean in the Ancient World"
- "Civilisation matérielle, économie et capitalisme, XVe-XVIIIe siècle" (1979)
- "Les structures du quotidien" (v. 1) ISBN 2-253-06455-6
- "Les jeux de l'échange" (v. 2) ISBN 2-253-06456-4
- "Le temps du monde" (v. 3) ISBN 2-253-06457-2
- "Civilization and Capitalism, 15th–18th Centuries" (3 vols.) (1979)
- "On History" (1980), tradução inglesa de "Ecrits sur l'Histoire" por Sian Reynolds
- "La Dynamique du Capitalisme" (1985) ISBN 2-08-081192-4
- "The Identity of France" (1986)
- "Ecrits sur l'Histoire II" (1990) ISBN 2-08-081304-8
- "Out of Italy, 1450–1650" (1991)
- "A History of Civilizations" (1995)
- "Les mémoires de la Méditerranée" (1998)
- "Personal Testimony" in: Journal of Modern History, vol. 44, no. 4. (Dezembro de 1972)
Pierre Chaunu, Belleville-sur-Meuse, Meuse, na Lorraine, 17 de agosto de 1923 - Caen, 22 de outubro de 2009 foi um historiador francês, especialista em estudos sobre a América espanhola e de história social e de história religiosa da França durante o Antigo Regime ( séculos XVI, XVII e XVIII). Foi uma grande figura francesa da história quantitativa e serial. Foi professor emérito da Paris IV-Sorbonne, membro do Institut, e comandante da Legião de Honra. Protestante defendeu posições conservadoras, numa crónica que ele tinha no jornal Le Figaro e num programa de rádio.
Biografia
Natural de Belleville (Meuse), teve uma vida familiar muito complicada, tendo uma infância marcada peal tragédia, tendo sido educado pelos seus tios.
Pierre Chaunu ensinou no liceu de Bar-le-Duc em 1947 onde foi professor de História. Foi admitido na Escola de Altos Estudos Hispânicos em 1948 e esteve até 1951 em Madrid e Sevilha. Foi muito influenciado por Fernand Braudel, que foi seu mestre e pela École des Annales (onde foi secretário de Lucien Febvre), Pierre Chaunu escreveu a tese Séville et l'Atlantique em 1954.
População e demografia
A tese central de várias das suas obras "a peste branca"é que o Ocidente contemporâneo se suicida devido ao perigo da desaceleração demográfica ou sa sua fraca natalidade, daí o subtítulo: Comment éviter le suicide de l’Occident ? ("Como evitar o suicídio do Ocidente?").
Posteridade influência
Pierre Chaunu teve um impacto historiográfico importante, em relação á história quantitativa e serial, trabalhos sobre a América espanhola , de história social e ainda de história das religiões da França do Antigo Regime
Obras
- Histoire de l'Amérique latine, Paris, PUF, "Que sais-je ?", 1949. Réédition en 2009.
- Séville et l'Atlantique (1504-1650), Paris, SEVPEN, 12 volumes, 1955-1960. (esta obra recebeu o Prémio de Loubat em 1962.}}
- Les Philippines et le Pacifique des Ibériques, Paris, SEVPEN, 2 volumes, 1960-1966.
- L'Amérique et les Amériques de la préhistoire à nos jours, Paris, Armand Colin, 1964.
- La Civilisation de l'Europe classique, Paris, Arthaud, 1966.
- L'Expansion européenne du siècle XIII-XV}, Paris, PUF, 1969.
- Conquête et exploitation des nouveaux mondes, Paris, PUF, 1969.
- La Civilisation de l'Europe des Lumières, Paris, Arthaud, 1971.
- L'Espagne de Charles Quint, Paris, SEDES, 2 volumes, 1973.
- Démographie historique et système de civilisation, Rome, EFR, 1974.
- Histoire, science sociale, Paris, SEDES, 1974.
- Le Temps des Réformes, Paris, Fayard, 1975.
- De l'histoire à la prospective, Paris, Robert Laffont, 1975.
- Les Amériques, siècles XVI-XVIII, Paris, Armand Colin, 1976.
- La peste blanche (avec Georges Suffert), Paris, Gallimard, 1976.
- Séville et l'Amérique aux siècle XVI-XVIII, Paris, Flammarion, 1977.
- La Mort à Paris, siècles XVI-XVIIIaris, Fayard, 1978.
- Histoire quantitative, histoire sérielle, Paris, Armand Colin, 1978.
- Le sursis, Paris, Robert Laffont, 1978
- La France ridée,Paris, Pluriel, 1979
- Un futur sans avenir, Histoire et population, Calmann-Lévy,1979
- Histoire et imagination. La transition, Paris, PUF, 1980.
- Église, culture et société. Réforme et Contre-Réforme (1517-1620), Paris, SEDES, 1980.
- Histoire et décadence, Paris, Perrin, 1981. Grand Prix Gobert 1982.
- La France, Paris, Robert Laffont, 1982.
- Pour l'histoire, Paris, Perrin, 1984.
- L'Aventure de la Réforme. Le monde de Jean Calvin, Paris, Desclée de Brouwer, 1986.
- Apologie par l'histoire, Paris, Œil, 1988.
- Le Grand Déclassement, Paris, Robert Laffont, 1989.
- Reflets et miroir de l'histoire, Economica, Paris, 1990
- avec Ernest Labrousse, Histoire économique et sociale de la France. Tome 1, 1450-1660, PUF, "Quadrige", 1993.
- Colomb ou la logique de l'imprévisible, Paris, F. Bourin, 1993.
- (en coll.), Baptême de Clovis, baptême de la France, Paris, Balland, 1996.
- (en coll.), Le Basculement religieux de Paris au siècle XVIII, Paris, Fayard, 1998.
- avec Michèle Escamilla, Charles Quint, Paris, Fayard, 2000.
- avec Jacques Renard, La femme et Dieu, Paris, Fayard, 2001
- avec Huguette Chaunu et Jacques Renard, Essai de prospective démographique, Paris, Fayard, 2003
- Des curés aux entrepreneurs : la Vendée au siècle XIX, Centre Vendéen de Recherches Historiques, 2004.
- Le livre noir de la Révolution française, Cerf, 2008
- (Com Roger Arnaldez) « La philosophie et l'histoire », in Jean-François Mattéi, Le Discours philosophique, volume IV de l’Encyclopédie philosophique universelle, Paris, PUF, 1998
- Alexandre le Grand. Monnaies, finances et politique, PUF, "Histoires", 2003
- Les textes judéophobes et judéophiles dans l'Europe chrétienne à l'époque moderne, PUF, "Histoires", 2000
- La grande guerre chimique (1914-1918), PUF, "Histoires", 1998
- Une sainte horreur, ou le voyage en eucharistie, PUF, "Histoires", 1996
- L' impossible code civil, PUF, "Histoires", 1992
- Histoire des Juifs en Pologne du XVIe siècle à nos jours, PUF, "Histoires", 1992
- Richelieu et Olivarès, PUF, "Histoires", 1991
- La naissance de l'intime, PUF, "Histoires", 1988
- ↑ Morreu o historiador Pierre Chaunu est mort
- ↑ Histoire, Memória, Identidade, homenagem a Pierre Chaunu, sobre collegedesbernardins.fr, 10 fevereiro de 2010.
- ↑ Por Gérard-François Dumont, seguido de uma leitura de um texto de Emmanuel Le Roy Ladurie, O legado monumental de Pierre Chaunu para a História, em Canalacademie.com, mis en ligne le 28 mars 2010
- ↑ voir le palmarès :
Georges Duby (7 de Outubro de 1919 - 3 de Dezembro de 1996) foi um historiador francês, especialista na Idade Média.
Deu início à sua carreira universitária em Lyon, no ano de 1949, tendo sido posteriormente membro da Academia Francesa e professor do Collège de France entre os anos de 1970 e 1992. Foi um especialista em história medieval, lançou mais de 70 livros e coordenou coleções importantes, como a História da vida privada.
Obras
- O Domingo de Bouvines: 27 de Julho de 1214 (1973);
- O Ano 1000 (1974);
- O Tempo das Catedrais: a Arte e a Sociedade (980-1420) (1976);
- As Três Ordens ou o imaginário do Feudalismo (1978);
- O Cavaleiro, a Mulher e o Padre (1981);
- Guilherme o Marechal ou o melhor Cavaleiro do Mundo (1984).
- Amor e Sexualidade no Ocidente"
Lucien Paul Victor Febvre (Nancy, Meurthe-et-Moselle, 22 de julho de 1878 - Saint-Amour, Jura, 26 de setembro de 1956) foi um influente historiador modernista francês, co-fundador da chamada "Escola dos Annales".
Biografia
No período entre-guerras, Febvre idealizou uma revista de história que fundou, em 1929, em parceria com Marc Bloch: a "Revue des Annales". Essa parceria, formada na Universidade de Estrasburgo, durou apenas treze anos, tempo suficiente, entretanto, para patrocinar marcantes conquistas da História.
A partir dos "Annales", definiram-se as características de uma abordagem da História que se tornou conhecida como História das mentalidades, a qual, de forma sistematizada, analisa os sentimentos e costumes dos povos em determinado período histórico, baseando-se no princípio do "tempo longo", quando esses hábitos se transformam de maneira lenta ao longo dos tempos. Muitos estudiosos vêem em Febvre e Bloch os precursores da História das Mentalidades.
Em um período marcado por mortes e por dores profundas, as ciências humanas e principalmente a História, apareciam com uma grande parcela de culpa necessitando, assim, de que a compreensão do homem fosse o objetivo básico desse grupo e a interdisciplinaridade fosse o caminho. O livro Sociedade Feudal, de Marc Bloch, demonstra com grande clareza a síntese da longa duração - ou o longo tempo - , a psicologia histórica e a preocupação com a comparação, linguagem e evolução social. A Segunda Guerra Mundial freou esse desenvolvimento. Bloch foi obrigado pelos nazistas a se afastar da direção da revista e, em 1944, foi fuzilado por tropas alemãs quando participava ativamente da Resistência. O fim da guerra fez com que Febvre se tornasse o principal difusor dos preceitos da escola. Dirigiu a Revista dos Analles até 1946, quando passou a direção ao seu discípulo, Fernand Braudel.
Em 1947, Lucien Febvre fundou a VI Seção da École Pratique des Hautes Études, núcleo de origem da EHESS (Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais), criada em 1975.
Obras
- Martinho Lutero, um destino (1928);
- O Problema da Incredulidade no século XVI: A Religião de Rabelais (1942);
- Combates pela História (1953).
- A Europa: Gênese de Uma Civilização.
- O Reno: Histórias, Mitos e Realidades.
- Honra e Pátria.
- O Aparecimento do Livro.
- ↑ "Para o modernista, dentro de sua noção científica de mundo, dentro da visão de história que inicialmente todos aceitamos, evidências são essencialmente evidência de que algo aconteceu no passado. O historiador modernista seguia uma linha de raciocínio que parte de suas fontes e evidências até a descoberta de uma realidade histórica escondida por trás destas fontes. De outra forma, sob o olhar pós-modernista [ou pós-estruturalista], as evidências não apontam para o passado, mas sim para interpretações do passado." Historiografia e pós-modernismo, por F. R. Ankersmit. Topoi. Rio de Janeiro, vol. 2, mar. 2001, pp. 113-135.
- ↑ CAIRE-JABINET, Marie-Paule (2003) "Introdução à Historiografia". São Paulo: EDUSC. p. 118.
Marc Ferro (nascido em 1924) é um historiador francês.
Biografia
Formado em História, Marc Ferro foi um nome de destaque entre os historiadores.
No inicio de sua carreira teve dificuldade de ingressar na carreira acadêmica, mas com ajuda de Fernand Braudel, um dos mais importantes historiadores da França, conseguiu mostrar sua importância ao mundo.
É um dos principais nomes da 3ª geração da "Escola dos Annales". Ferro é conhecido por ter sido o pioneiro, no universo historiográfico, a teorizar e aplicar o estudo da chamada relação cinema-história.
Como acadêmico, foi co-diretor da revista Les Annales (Économies, Sociétés, Civilisations), ensinou na l’École polytechnique, foi diretor de estudos na IMSECO (Institut du Monde Soviétique et de l’Europe Central e Oriental), membro do Comitê de redação do Cahiers du monde russe et soviétique e professor visitante nos EUA, Canadá, Rússia e Brasil.
Sua estadia na Argélia, em pleno fervor revolucionário, também não pode ser esquecida. De volta a França, ajudou a organizar comitês de solidariedade aos argelinos.
Em 1996, esteve no Brasil (Salvador-Bahia), participando de um simpósio internacional: A Guerra de Espanha e a relação cinema-história, organizado pela Oficina Cinema-História (UFBA).
Filmes
- La Grande Guerre. 35 mm, 150 min., 1964.
- Lénine par Lénine. 35 mm, 39 mun., 1970.
- Une histoire de la médecine (com J-P Aron). 52 min., 1980.
Ligações externas
- (em francês) Conférence avec Marc Ferro, « Le ressentiment et les fractures de la France contemporaine » Centre d'études et de recherches internationales de l'Université de Montréal, 4 avril 2007.
- (em francês) « À voix nue », série de cinq entretiens entre Marc Ferro et Benjamin Stora, France Culture, 11 au 15 décembre 2006.
Jacques Le Goff (Toulon, 1 de janeiro de 1924) é um historiador francês especialista em Idade Média. Autor de dezenas de livros e trabalhos; membro da Escola dos Annales, se empregou na antropologia histórica do ocidente medieval.
Antigo estudante da École Normale Supérieure, estudou na Universidade Charle de Prague em 1947-48,professor de história em 1950 e membro da École Française de Rome, foi nomeado assistente da Faculté de Lille (1954-59) antes de ser nomeado pesquisador no CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica), em 1960. Em seguida, mestre-assistente da VI seção da École pratique des hautes études (1962) - sucedeu Fernand Braudel no comando da École des hautes études en sciences sociales, onde ele foi diretor dos estudos. Cedeu seu lugar a François Furet em 1967. Na qualidade de diretor de estudo na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Jacques Le Goff publicou brilhantes estudos consagrados, que renovaram a pesquisa histórica, sobre mentalidade e sobre antropologia da Idade Média. Seus seminários exploraram os caminhos então novos da antropologia histórica. Ele publicou os artigos sobre as universidades medievais, o trabalho, o tempo, as maneiras, as imagens, as lendas etc. VIHS
Co-diretor da Escola dos Annales, dirigiu os estudos ligados à “Nova História” , como a coletânea Faire de l’histoire em 1977 e o volumoso Dictionnaire de la Nouvelle Histoire publicado no ano seguinte, levando à revolução dos Annales. Sinal do sucesso de suas teses, ele atuou no renovamento pedagógico de história participando da redação de um manual escolar.
Nos anos 1980 ele trabalhou em uma biografia de São Luís, publicada em 1996. Tudo em recordações das etapas essenciais do reinado de Luís IX, ele renovou o gênero biográfico pelos seus métodos e suas reflexões sobre a possibilidade de conhecer realmente um personagem da Idade Média.
Obras
- "Mercadores e Banqueiros na Idade Média", 1956
- "'Os Intelectuais na Idade Média", 1957
- "A Civilização do Ocidente Medieval", 1964
- "Para um Novo Conceito da Idade Média", 1977
- "O Nascimento do Purgatório", 1981
- "O Imaginário Medieval", 1985
- "História e Memória", 1988
- "História Religiosa da França", em colaboração de direcção com René Rémond (4 vols.), 1988-1992
- "O Homem Medieval" (dir.), 1994
- "A Europa Contada aos Jovens", 1996
- "Por Amor das Cidades", 1997
- "A Bolsa e a Vida", 1997
- "Por Amor das Cidades", 1999
- "Dicionário Temático do Ocidente Medieval", em colaboração de direcção com Jean-Claude Schmitt, 2001
- "O Deus da Idade Média", 2003
- "Em Busca da Idade Média", 2003
- "O Maravilhoso e o Quotidiano no Ocidente Medieval"
Pierre Nora (Paris, 17 de novembro de 1931) é um historiador francês.
Ocupa uma posição particular, que o qualifica como uma referência entre os historiadores franceses contemporâneos. É conhecido pelos seus trabalhos sobre a identidade francesa e a memória, o ofício do historiador, e ainda pelo seu papel como editor em Ciências Sociais. O seu nome está associado à Nova História ("nouvelle histoire").
Carreira académica
Na década de 1950 foi aluno do Lycée Louis-le-Grand, mas não foi recebido, ao contrário do que comumente se afirma, na Escola Normal Superior de Ulm. Obteve, em seguida, a licenciatura em Filosofia. Tendo recebido a agregação em História em 1958, lecionou no Lycée Lamoricière de Orão (Algéria) em 1960. Nesse período produziu um ensaio publicado com o título de "Les Français d'Algérie" (1961).
Foi bolsista da Fundação Dosne-Thiers, de 1961 a 1963, e assistente, depois professor-assistente, no Institut d'étude politiques de Paris, de 1965 a 1977. A partir de 1977, tornou-se director de estudos na École des hautes études en sciences sociales.
Como editor
Paralelamente, Pierre Nora construiu uma importante carreira como Editor. Ingressou em 1964 na Julliard, onde criou a colecção de livros de bolso "Archives". Em 1965, juntou-se à Gallimard: a prestigiada editora, já bem instalada no mercado da literatura, desejava desenvolver o seu sector das Ciências Sociais. Foi Nora que desempenhou esta tarefa pela criação de duas importantes colecções: a "Bibliothèque des sciences humaines" em 1966 e a "Bibliothèque des histoires" em 1970, além da coleção "Témoins" (1967).
Na Gallimard, Nora publicou entre as colecções que dirigiu, trabalhos importantes que constituem geralmente referências obrigatórias em seus respectivos campos de pesquisa, a saber:
- Na "Bibliothèque des sciences humaines", Raymond Aron ("Les Étapes de la pensée sociologique", 1967), Georges Dumézil ("Mythe et épopée", 1968–1973), Marcel Gauchet("Le Désenchantement du monde", 1985), Claude Lefort ("Les Formes de l'histoire", 1978), Henri Mendras ("La Seconde Révolution française", 1988), Michel Foucault ("Les Mots et les Choses", 1966 ; "L'Archéologie du savoir", 1969).
- Na "Bibliothèque des histoires", François Furet ("Penser la Révolution française", 1978), Emmanuel Le Roy Ladurie ("Montaillou", 1975, marca mais vendida da colecção, com 145.000 exemplares), Michel de Certeau ("L'Écriture de l'histoire", 1975), Georges Duby ("Le Temps des cathédrales", 1976), Jacques Le Goff ("Saint Louis", 1997), Jean-Pierre Vernant ("L'Individu, la mort, l'amour", 1989), Maurice Agulhon ("Histoire vagabonde", 1988–1996), Michel Foucault ("Histoire de la folie à l'âge classique", 1972 ; "Surveiller et punir", 1975 ; "Histoire de la sexualité", 1976–1984).
- Entre os pesquisadores estrangeiros que contribuiu para introduzir na França, citam-se Ernst Kantorowicz ("Les Deux Corps du roi", 1959, publicado em 1989), Thomas Nipperdey ("Réflexions sur l'histoire allemande", 1983–1992, em 1992), Karl Polanyi ("La Grande Transformation", 1944, em 1983).
Em maio de 1980, Nora fundou na Gallimard a revista "Le Débat" com o filósofo Marcel Gauchet; ela veio a constituir-se numa das mais importantes revistas intelectuais francesas.
Outros trabalhos
Também participou da Fondation Saint-Simon, criada em 1982 por François Furet e Pierre Rosanvallon e dissolvida em 1999.
Nora destacou-se ainda por ter dirigido a obra "Les Lieux de Mémoire", três volumes destinados a fornecer um inventário dos lugares e objetos nos quais se encarna a memória nacional francesa.
Recompensas e distinções
Nora recebeu o foi Prix Diderot-Universalis em 1988, o Prix Louise-Weiss de la Bibliothèque nationale em 1991, Prix Gobert da Académie française em 1993 e o Grand Prix national de l'histoire em 1993.Ele foi presidente do Librairie européenne des idées no Centre national du Livre de 1991 a 1997 e membro do Conselho de Administração da Bibliothèque nationale de France de 1997 a 2000. Ele é membro do Conselho Científico da École nationale des chartes após 1991, do Conselho de Administração do Établissement public de Versailles após 1995, e do Haut Comité des célébrations nationales após 1998.
Em 7 de junho de 2001, foi eleito para a cadeira n° 27 da Académie française, onde sucedeu a Michel Droit. Recebeu o discurso de recepção a 6 de junho de 2002 por René Rémond.
Em 2006, tornou-se comendador da Légion d'honneur, oficial da Ordre national du Mérite e comendador da Ordre des Arts et des Lettres.